segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Manto da Apresentação



Um só homem, tecendo seu manto
Sob a guarda dos feixes de luz
Que transpassam as grades do quarto

É um messias jogado em um canto
Tão somente por jurar ser Jesus
Como o próprio já fez no passado.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O relógio



Se Nostradamus soubesse
O que sabiam os Maias 
Nada seria diferente.
Meu café ainda esfria na mesa.
Minha vida ainda é incerteza.
Minhas costas continuam repugnando o açoite.
Muito embora eu saiba: faltam cinco para meia noite.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Ave Nada



Sempre haverá um ponto de vista e sempre haverá alguém que o defenda religiosamente. É por isso que afirmo que não existe ateísmo. Essa forma de pensar surge do mais puro estado racional do homem, que confronta a existência de "algo" por não haver o mínimo indício de prova para tanto. Assim, o ateísmo é, com toda a razão, o questionador da crença em um ser invisível. No entanto, o que vejo na verdade é um bando de rebeldes que apenas objetiva agredir qualquer forma de sistema ou de situação, e, o mais deprimente é que eles lutam religiosamente contra a religião. Esse paradoxo confirma que a maioria dos ateus é apenas um grupo que acabou criando uma nova religião defendida com tanto fervor quanto um evangélico defende a bíblia, e essa religião é tão cheia de dogmas imbecis, certezas contraditórias como qualquer outra, além de um ídolo supremo: "O Não Crer".

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Último ato



O palhaço embriagado
Em um quadro inacabado
Agora sim, tem seus motivos.

Pois além de incompleto
Perdeu toda a esperança,
E o motivo de seus risos.

Nunca passará de esboço
Tampouco, pintará seu rosto
Jamais sairá do abismo.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Trago más notícias:
O sol cobre dois terços de sua vida.
E a cada vez que ele se põe,
Você fica mais próxima da morte.
Tanta festa, tanto riso,
Tantos bailes e vestidos
Tantos corações partidos
E aos poucos seu destino
Previsível e mesquinho
Se limita às lembranças
E murmúrios de domingos.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Há os que enxeguem um velho
Em um banco repousado
Descansando a idade na sombra

Há os que vejam um ensaio
O prelúdio para a partida
A decrescente marcha da vida

Há os que revelem histórias
E interpretem o sofrimento
E em seu fim, o merecido repouso.

Mas também há quem não enxergue nada
Quem passe indiferente à idade
E indagará lá pelos oitenta
Onde está minha mocidade?

sábado, 5 de maio de 2012

Ele os queima em fogo brando


E lentamente os desalenta.


Enquanto mártires viram quadros


Um auxílio para a manada


Continuar segurando


Até a última gota de vida.